A polícia do Mato Grosso do Sul indiciou um pecuarista de 46 anos
pelos crimes de tortura e injúria por ter agredido o filho adolescente.
Segundo a Polícia Civil, o crime teria acontecido porque o pai não
aceita a homossexualidade do garoto, de 16 anos. De acordo com a
família, o pecuarista agrediu o jovem dizendo que ele estava
“endemoniado”.
A polícia informou que as agressões aconteceram na madrugada da
última segunda feira (29), e que a mãe do adolescente relatou que o
marido bateu no filho e tentou trancá-lo em um quarto sem energia
elétrica porque não aceitar sua opção sexual.
Temendo por sua segurança, irmãos do adolescente e a mãe o levaram
para a casa da avó, onde foi novamente agredido pelo pai que chegou ao
local em seguida. As testemunhas afirmam que o pai continuou a agredir o
garoto com socos e tapas e dizia que ele tinha que apanhar porque era
gay.
- Ele bateu na cara do menino, derrubou ele no chão, montou em cima e
continuou dando socos e tapas em seu rosto e humilhando, dizendo que
gay tem que apanhar mesmo, que é lixo, vagabundo – relatou a mãe do
adolescente, segundo o Terra, relatando ainda que o homem explicava a
agressão afirmando que iria “tirar o capeta a unha”.
De acordo com o G1, a Polícia Civil informou ainda que o próprio
agressor levou o adolescente ao hospital, mas que no caminho amarrou uma
corda na perna do garoto e ameaçou jogá-lo do carro e arrastá-lo na rua
caso não mudasse a opção sexual.
- É uma violência absurda pautada pela homofobia – resumiu o delegado
responsável pelas investigações, Paulo Henrique Rosseto de Souza.
O Conselho Tutelar foi acionado e encaminhou a vítima e a mãe até a
1ª Delegacia de Polícia, onde registraram boletim de ocorrência, foram
ouvidos e encaminhados para exames de lesão corporal. Os exames apuraram
que o garoto está com lesões no rosto e nas pernas.
Afirmando ter sido agredida verbalmente pelo marido, a mãe do
adolescente pediu medidas protetivas para que o esposo não se aproxime
dela nem do filho. O pedido está em análise pelo Poder Judiciário, mas,
de acordo com o delegado, o pecuarista já saiu da residência onde morava
com a família.
A vítima e testemunhas já foram ouvidas pela Polícia Civil. Chamado
para depoimento, o pecuarista foi à delegacia acompanhado por um
advogado e optou por ficar em silêncio.
O delegado relatou ainda que o conflito familiar pela opção sexual do
jovem existe desde o ano passado, mas que o pecuarista ainda não havia
sido punido porque as vítimas decidiam não dar continuidade aos
procedimentos.
- A situação se arrasta há certo tempo. Há alguns boletins de
ocorrência desde 2012. São ameaças, violência doméstica – relatou o
delegado, que explicou ainda que o agressor não foi preso em flagrante,
portanto ele só pode ir à cadeia caso a Justiça expeça um mandado, que
pode ser pedido pela Polícia Civil.
- Se houver eventuais fatos novos, se ele vier a ameaçar a família,
por exemplo, não descarto a possibilidade de pedir a prisão – afirmou o
delegado Paulo Henrique Rosseto de Souza, que completou afirmando que
responsáveis pelo hospital que atendeu o garoto também serão ouvidos,
pois a unidade de saúde não comunicou a polícia sobre a agressão.
Por Dan Martins, para o Gospel+