O engenheiro agrônomo Lenildo Lima já
criou 400 receitas com caju, de cachaça à rapadura. Mas focou em 14
produtos para construir a Império Doce. O empresário do Piauí,
inclusive, aposta na fruta para dobrar o faturamento, que foi de R$ 3,2
milhões no ano passado.
Foto: Felipe Rau/Estadão
A
empresa foi criada em 1998, quando o engenheiro estava endividado e,
por isso, procurava uma alternativa para ganhar dinheiro. Essa busca o
levou aos doces. “Minha mãe disse: ‘não tem coisa melhor na vida do que
recomeçar adoçando a vida de outras pessoas’”, lembra o empreendedor. A
inspiração materna, no entanto, não facilitou o caminho de Lenildo, que
escorregou nas primeiras receitas do doce de caju. “Resolvi deixar mais
na panela e ele cristalizou. Aí ficou bom.”
Desde
então, Lenildo não parou de inovar, embora priorize 14 variações do
produto para vender – entre eles está o mel de caju e o vinho feito com
base na fruta. “Fabrico os produtos que mais vendem e os que têm
lucratividade maior”, pontua. Para diversificar a produção e não ficar
tão dependente da safra do caju, porém, Lima também fabrica outros dez
itens, como doce de leite e goiabada.
As
vendas para o Sudeste começaram a crescer desde a participação do
empresário na feira Piauí Sampa, que tem o apoio do Sebrae e cujo
objetivo é apresentar os empreendedores daquele estado. Na primeira
edição, há nove anos, ele vendeu 200 quilos de produtos. No encontro
deste ano, que acabou no último domingo, trouxe 6 mil quilos – a cada 15
dias, um caminhão carregado de mercadoria também sai do Piauí para
fazer entregas em São Paulo.
A
empresária Áurea Brandão também aproveitou as riquezas regionais para
empreender. Ela é dona da Opalas Pedro II. O nome da empresa de joias
faz referência a pedra extraída na cidade de Pedro II, no Piauí. “As
opalas só existem na Austrália e em Pedro II”, afirma. Ela faturou R$
500 mil no ano passado e espera chegar a R$ 750 mil em 2013. A ideia de
abrir uma empresa de joias surgiu após Áurea perceber a busca crescente
por presentes na região. “Meu marido trabalhava só com lapidação.
Enxerguei uma oportunidade e resolvemos investir”, diz.
Hoje,
o negócio conta com 22 funcionários e aposta na diferenciação para
ganhar espaço entre os concorrentes. “Fazemos peças com prata, ouro e
diamante”, explica Áurea, que vende brincos por R$ 8 mil.
Análise.
Para o professor do Centro Universitário da FEI, Edson Sadao, a empresa
Império Doce tem potencial. “O contexto em que Lenildo se insere é o do
Brasil descobrir potenciais que ele mesmo tem, mas em regiões
distintas.” Como exemplo, ele cita o açaí, que conquistou São Paulo.
“O
caju é um produto de alta aceitação. O grande empecilho é o preço, que
começa a melhorar com o aumento de escala”, diz. O ponto de atenção está
na padronização e nas certificações, que conferem maior confiabilidade
ao produto. Em relação ao negócio de Áurea, Sadao acredita que a
empresária está no caminho certo em diferenciar-se da concorrência. “Ela
está em um mercado extremamente competitivo e vende não só um produto,
mas toda uma cultura por trás das pedras.
Fonte: Estadão