O 180graus esteve
na casa onde Talia morava com os pais, Antonio de Pádua da Silva e
Elzete Araújo dos Anjos, e conversou sobre a situação da família depois
deste crime que chocou não só o pequeno município, mas comoveu todo
Piauí, pela forma brutal como aconteceu.Nesta quarta-feira
(02/10), completa três meses da morte da estudante Talia dos Anjos,
degolada pelo adolescente B.C., de apenas 16 anos, dentro de um
santuário na cidade de Ilha Grande, litoral do estado. Seu corpo foi
encontrado na manhã seguinte do crime pelo irmão da vítima, que mora a
poucos metros de onde o bárbaro homicídio aconteceu.
Depois
que a jovem foi morta, parte das árvores que ajudaram a esconder o
acusado, foram podadas, e uma lâmpada foi posta justamente onde o corpo
foi encontrado. Do local, é possível ver a janela da casa da
adolescente. "Ele matou minha filha olhando lá para casa. Nesta noite
nem vento tinha, mas não ouvimos nada, nenhum grito. Se fosse alguém
desconhecido ela gritaria e iríamos ouvir", disse a dona de casa
Elzete.
Recentemente
na cidade, correu o boato de que o adolescente de 16 anos havia sido
soldo, mas para tranquilidade da família, ele ainda continua preso em
Teresina. "Muitas pessoas vem nos dando apoio, e se sentem comovidos com
o que aconteceu. Às vezes os amigos dela vem aqui dizer que correram
atrás do pai do assassino, dão conta se ele está andando pela cidade",
disse a mãe da jovem assassinada.
Mas o que
chamou atenção da reportagem, foi a frieza demonstrada pelo assassino
nos dias após o crime. Ele visitou a família de Talia várias vezes,
fez-se de amigo e até participou de um protesto pelas ruas do município,
que pedia por justiça. "Ele saiu até para comer pizza com a irmã da
Talia que veio de Brasília. Este rapaz sempre debochava e dizia, quem
será que matou a bichinha, chegou até mesmo a chamar a polícia de
otária, acreditando que ficaria impune", detalha dona Elzete,
Pai mostra lâmpada que só foi colocada depois do crime brutal |
Mesmo o garoto tendo confessado o crime em um vídeo, afirmando
que agiu sozinho, não é esta a convicção da família. "Ele diz que pegou
a menina por trás, mas a camisa e o calção dele, pela frente, estava
todo lavado de sangue. Ele escondeu dentro do banheiro. Alguém segurou a
boca dela para não gritar. O rosto dela estava todo cheio de marcas de
unha, parece que até um murro ela levou", descreve o pai da garota.
No dia do crime, árvores escondiam o local onde Talia e o acusado estavam; hoje o lugar pode ser visto de vários pontos da cidade |
A família
infelizmente não tem provas, mas suspeita de que o rapaz que comprou o
celular de Talia que foi vendido por B.C., sabia do crime e sempre
encobertou. Carlos Augusto Oliveira trabalhava na Câmara de Vereadores
de Ilha Grande, e foi lá, em um dos computadores, que acessou o sistema
do celular e viu as fotos de Talia. "Ele diz que não sabia, mas como
pode? Se no celular da Talia tudo tinha foto dela. Até o Facebook da
menina eles conseguiram bloquear, nem a polícia teve acesso", diz a mãe
de Talia.
Garoto vendeu celular da jovem após matá-la; depois acabou pegando de volta e jogou dentro do mangue |
Os pais
também discordam da tese de que Talia foi morta por causa de uma suposta
gravidez. "Não foi por isso, se ela tivesse grávida nós saberíamos, mas
nas ligações não há nenhuma conversa sobre isso. Aquele comprimido foi
só para desviar a atenção. Sei lá, acho que a Talia viu alguma coisa, ou
que ele era apaixonado por ela, e minha filha não queria. A polícia
chegou até a falar que esse Carlinhos seria gay, e que teria tido um
romance com o rapaz que matou minha filha. Sei lá, vai ver ela viu
alguma coisa entre eles, mas infelizmente não temos certeza de nada
disso, são só suspeitas", afirmou a mãe.
Todos os dias família passa em frente do local onde a filha foi morta |
Como a
comoção popular foi grande, a família de B.C. acabou deixando Ilha
Grande e mudou-se para Parnaíba. Dificilmente são vistos no município, e
quando vão, acabam sendo hostilizados. Já Carlinhos, como é mais
conhecido, deixou o Piauí e foi embora para Brasília. Ele acabou sendo
exonerado da Câmara de Vereadores e mesmo alegando inocência, preferiu
ir embora.
Família do adolescente mudou-se de Ilha Grande, e 'Carlinhos' foi embora após ser exonerado da Câmara
Hoje eles
convivem com a dor de todos os dias ter de olhar para o lugar onde a
filha foi morta. Dona Elzete afirma que o crime teve repercussão
nacional, e frequentemente repórteres de outros estados a procuram. A
família tem fé na justiça dos homens, mas ainda mais na "de Deus" e são
confiantes de que mesmo o rapaz sendo solto, ele sofrerá as
consequências do crime brutal que cometeu.
REPÓRTERES: Apoliana Oliveira e Fábio Carvalho - Direto de Ilha Grande
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