Técnicos
do governo estimam a necessidade de reajuste entre 25% e 30% nos preços
dos combustíveis nas refinarias, caso a área econômica decida cobrir a
defasagem entre os valores praticados no exterior e no país. O
percentual embute uma parcela que se refere à mudança estrutural do
preço do petróleo no mercado internacional, entre US$ 100 e US$ 110 o
barril, e outra que se refere à variação do câmbio. Esta deverá ser a
justificativa do governo ao repassar o reajuste ao consumidor em
parcelas, o que deve ser feito para evitar efeitos desastrosos na
inflação. A perspectiva de reajuste impulsionou ontem as ações da
Petrobras na Bovespa. Os papéis ON tiveram alta de 5,31%, a R$ 18,26, e
os papéis PN subiram 5,33%, para R$ 17,39.
Uma das
ideias em estudo é autorizar aumento de cerca de 10% nas refinarias da
Petrobras no fim deste ano – percentual referente à mudança estrutural
do preço do petróleo – e o restante em 2014. Aos postos, a alta ficaria
em 5%, já que o impacto na bomba equivale à metade do que é concedido na
refinaria.
Como a
Petrobras está pressionada por problemas financeiros, não se descarta a
hipótese de o governo cobrir a defasagem com recursos públicos. No
entanto, avalia-se em Brasília que a forte expansão da oferta do álcool
hidratado no mercado nacional neste ano já serviu para aliviar o volume
de importações de combustíveis pela estatal – chegando próximo a zero em
julho -, o que acaba dissipando boa parte dessa pressão sobre o caixa
da empresa.
O que se
discute nos bastidores do governo é que a autorização da primeira
parcela se daria na semana entre Natal e Ano Novo, e a segunda, em 2014,
na sexta-feira de carnaval. Isso diminuiria o impacto junto à opinião
pública em um ano eleitoral. Segundo técnicos, o governo vai esperar o
dólar se estabilizar em um patamar menor, algo entre R$ 2,30 e R$ 2,35,
para autorizar o reajuste. A ação do Banco Central ontem ajuda a
reverter a tendência do câmbio e, por consequência, alivia a pressão
sobre os combustíveis, avalia uma fonte do governo.
A
decisão de autorizar a alta reivindicada pela Petrobras só no fim do ano
também se deve à expectativa sobre quem será o novo presidente do Fed
(o banco central americano) – decisão que deve sair no mês que vem – e o
que mudará na economia dos EUA.
Outra
questão que está sendo avaliada é o impacto que teria um reajuste no
diesel antes do período de chuvas – quando o governo recorre às
térmicas, que usam o combustível, para suprir a necessidade de energia
do país.
- Um
aumento agora jogaria por terra a redução na tarifa de energia anunciada
pela presidente Dilma no início deste ano – disse um técnico.
Economista
e sócio da Tendências Consultoria, Juan Jensen considera a situação
delicada. Ele não acredita que o governo vá zerar a defasagem, porque os
repasses nos preços de outros produtos comprometeriam a meta de
inflação para o ano, de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais
acima ou abaixo.
- Até
então trabalhávamos com zero de reajuste, por causa das manifestações
nas ruas do país, mas agora projetamos algo próximo a 10%. O governo
vinha priorizando a estabilidade de preços controlados, mas a
desvalorização do real está se tornando um problema insustentável para a
Petrobras.
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