Senador Ciro Nogueira
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, determinou a
abertura de inquérito para investigar denúncias contra o senador Ciro
Nogueira (PI), presidente nacional do PP, e dois deputados, um deles
Iracema Portella (PP-PI), mulher de Ciro.
O senador é acusado de destinar parte da verba indenizatória a uma
empresa pertencente a Júlio Ferraz Arcoverde, a Trevo Locadora de
Veículos. Arcoverde é amigo de Ciro e, até fevereiro passado, por
indicação do parlamentar, comandou o Departamento Nacional de Trânsito, o
Denatran, subordinado ao Ministério das Cidades. Arcoverde é atualmente
presidente do PP do Piauí e trabalha para construir a candidatura de
Ciro ao governo do estado no próximo ano.
O ministro Fux analisou um pedido de investigação enviado ao Supremo
pela Procuradoria-Geral da República em maio passado. “Da exposição dos
fatos verifica-se que inúmeras irregularidades foram noticiadas”,
afirmou Fux.
Entre janeiro de 2011, quando assumiu o mandato de senador, e janeiro
deste ano, Ciro repassou cerca de R$ 160 mil da verba indenizatória à
Trevo por “serviços de aluguel de carros”. No valor mensal de R$ 25 mil,
a verba indenizatória destina-se a cobrir despesas com o exercício do
mandato. Além de Arcoverde, Marcella Ferreira de Alencar apareceu como
sócia da locadora. Marcella foi funcionária comissionada no gabinete de
Ciro quando ele era deputado federal na legislatura anterior.
O Ministério Público apura também a atuação de outras empresas
ligadas a Arcoverde, acusadas de se beneficiarem de emendas
parlamentares apresentadas por Ciro para o financiamento de eventos
culturais no Piauí. Em abril passado, ÉPOCA revelou as conexões entre os
dois.
Fux determinou que a Polícia Federal interrogue os envolvidos. O
Supremo pediu ao Senado e à Câmara dos Deputados informações sobre as
prestações de contas da verba indenizatória dos parlamentares citados na
investigação.
Procurado por ÉPOCA, o senador Ciro Nogueira afirmou que a Trevo
prestou “serviços dentro dos parâmetros de preço e qualidade exigidos
pela legislação. Qualquer questionamento legal sobre a aplicação da
verba indenizatória, obviamente será prontamente respondido”.
Deputada Federal Iracema Portella
Iracema Portella disse que a contratação da Trevo obedeceu “aos
ditames legais e assegurando-se de que se tratava de serviços de
reconhecida qualidade na capital e com preços de locação praticados no
mercado”. O deputado Professor Setimo afirmou que contratou a Trevo
“após pesquisas de mercado e por ser a empresa conhecida no mercado da
capital piauiense (Teresina) e no município de Timon (MA), onde mora.
Setimo pagou cerca de R$ 146 mil para a locadora de Arcoverde em 2011.
“A empresa sempre cumpriu com os serviços contratados. Não há nenhuma
irregularidade na contratação da empresa e nem na execução do serviço”,
disse.
quarta-feira, 10 de julho de 2013
Revista época:Senador Ciro Nogueira é investigado no Supremo por suspeita de favorecer um aliado político com a verba indenizatória
13:11
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