Tudo parecia ir bem na reunião ocorrida esta semana
em uma das salas das comissões do Senado Federal entre a bancada do
Piauí e os prefeitos que rumaram a Brasília. Mas depois que o deputado
federal Marcelo Castro (PMDB) disse que não existia no Congresso
Nacional uma bancada tão unida como a do Piauí, os embates ideológicos e
posturas agressivas vieram à tona.
Bem que Marcelo Castro tentou ensaiar uma suposta união dentro da
bancada. “Nós temos a bancada mais unida do Congresso. Estamos acima dos
interesses políticos, partidários e pessoais. Nós somos o PPI, Partido
do Piauí”, disse, tentando fazer a média com os quase 50 prefeitos e
representantes. Mas o que se viu a partir de então foram divergências,
jogando por terra a tese do médico-deputado que se tornou especialista
em estradas. A primeira delas envolvendo Hugo Napoleão (PSD) e Marllos
Sampaio (PMDB), conforme matéria já publicada pelo Portal AZ. (Clique e Veja).
A outra e mais séria envolvendo novamente Marllos Sampaio e Assis
Carvalho (PT). O embate começou quando Marllos Sampaio, se dizendo
cansando de promessas políticas, incitou os prefeitos a terem uma
postura mais contundente diante das promessas da presidente da
República, Dilma Rousseff. Naquele dia, terça-feira (9), Dilma ainda não
havia comparecido à XVI Marcha dos Prefeitos a Brasília. Só iria na
quarta-feira (10).
A intervenção de Assis
Assis Carvalho, tomando as dores, alertou que seria muito desrespeitoso tratar a presidente da República com “vaias”. O parlamentar, inserindo em sua fala a expressão “tem deputado aqui”, sem falar o nome de Marllos, alegou que não era daquela forma, vaiando a presidente, que se resolveria a coisas. E ainda por cima, não se seria justo com os feitos da presidente da República.
Em meio à defesa do governo do PT, Assis inseriu até os gastos com infraestrutura nos preparativos para a Copa. “Um povo que lutou para ter a Copa do Mundo e as Olimpíadas não pode está criticando o que foi investido em infraestrutura”, escorregou. Porque as ruas mostraram que podem sim questionar os gastos não só com a Copa, mas de todo agente ou Poder público.
Mas Assis foi além. “Outra coisa, não foi investido dinheiro público nas obras para a Copa do Mundo. Quem inventou isso foi a Globo. Não vamos reproduzir inverdades por aí”, falou, para uma plateia já perplexa. Segundo dados oficiais, os gastos até agora com a Copa foram de R$ 25,5 bilhões, sendo R$ 21,3 bilhões do setor público e somente R$ 4,2 bilhões do setor privado. O governo havia dito que não haveria gastos com o dinheiro público.
Ainda segundo dados oficiais, a Copa no Brasil já se desenha como a mais cara da história mundial. Nunca antes nesse Mundo se viu algo assim. Se for pego só os gastos com dinheiro público até agora, R$ 21,3 bilhões, eles sozinho já ultrapassam os gastos com a Copa do Mundo da Alemanha, em 2006, R$ 10,7 bilhões; e os gastos totais com a Copa da África do Sul, em 2010, que somaram R$ 7,3 bilhões.
Os aplausos a Marllos
Ao retomar a palavra, alegando ser citado, ainda que de forma indireta Marllos se defendeu. “Eu não incentivei nenhum prefeito a vaiar ninguém. O que eu disse é que se a presidente Dilma Rousseff vier anunciar lorota será vaiada”. Os prefeitos então começaram a dizer “é verdade”. Ao fim da fala e ao contrário de Assis Carvalho, Marllos foi aplaudido.
Em todo caso, Dilma nem anunciou tanta lorota assim, pecando mais por não saber explicar o que o governo tinha para dar, mas mesmo assim foi vaiada, para tristeza de Assis Carvalho, que não pôde controlar o ímpeto sequer dos prefeitos do estado dele, imagina dos outros estados.
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